terça-feira, 7 de janeiro de 2014
Cronizando: O mundo e o esquecido
Postado por
Thaís Pinheiro
Há quem diga que o Natal e as festas de fim de ano são jogadas de marketing, da qual todos os comerciantes e lojistas se aproveitam para vender mais. Pode ser verdade, até certo ponto. Mas caminhando com meus pais sob as luzes da cidade - que este ano foi toda colorida por festivas luzes noturnas -, o que vi não foi nada disso. Vi estranhos, pessoas que eu jamais vira na vida, sorrindo para nós, desejando Feliz Natal/Feliz Ano Novo simplesmente porque é o que faríamos todos, anos atrás; mas parece que em geral, nos esquecemos de alguns hábitos.
Ontem, dia de Reis, no encerramento das comemorações na principal praça da cidade, comentei de canto com minha mãe sobre as maquininhas de fazer bolha de sabão em grande quantidade, as quais vinham decorando a cidade nos últimos dias; logo após, um senhor, um comerciante que vendia as tais maquininhas, espontaneamente pegou uma delas e, enquanto eu caminhava, começou a fazer várias bolhinhas na minha direção...
Quando me dei por conta, o que consegui fazer foi dar-lhe um tímido, porém agradecido sorriso com olhos ameaçando lacrimejar. Não sei se fora por eu aniversariar no dia seguinte, ou se porque sou suscetível à emoção dessas datas, mas não importa; 2013 foi embora e 2014 chegou com uma sensação de renovação. Não pelas "promessas de ano novo", nem por 7 ondas puladas, nem por uvas ou romãs ou qualquer tipo de simpatia característica, mas pelo senso de coletividade que renasce, - e parece morrer ainda antes do carnaval - pela esperança de que, no fundo, "humanidade", como substantivo, ainda signifique o que significava quando o mundo não via o que vê hoje. Quando todo mundo conseguia se ver de maneira igual, quando a vida era realmente o espelho de todos nós - mas isso não é mais uma regra.
O que eu quero dizer é que, se há algum pedido a ser feito para 2014, não é mais prosperidade para si, nem mais dinheiro, ou mais "paz". Há de se pedir coragem, inocência, pureza. Coisas, no geral, tão simples, mas que nos fazem tanta falta. Você, por exemplo, penduraria uma cartaz "Abraços Grátis" no pescoço e sairia por aí, abraçando as pessoas, sem sentir nem um pouco de vergonha? Talvez sim. Mas e, sem vestir cartaz algum, você chegaria num estranho qualquer e diria "Olá, bom dia/boa tarde/boa noite", o abraçaria sem motivo algum e sairia andando como se nada tivesse acontecido? Provavelmente não e... eu também não. E isso me incomoda, porque eu mesma sei a quantidade de barreiras que construí à minha volta ao longo de tão pouco tempo; e eu não quero que isso cresça a ponto de me sufocar algum dia.
Prosperidade só vem quando estamos em perfeita paz com nós mesmos - e dinheiro nenhum compra paz de espírito. Mas como ter paz, se todo dia você buzina ou xinga um motorista no trânsito e, por isso, passa os 30 minutos seguintes estressado com todo mundo? Como ter paz se você não tem coragem de encarar as pessoas que não conhece nos olhos - e, então, não se deixa conhecer por ninguém?
Em 2014, eu quero ser livre. E eu não preciso de um carro a 200 Km/h numa estrada vazia nem de um campo enorme para correr - eu preciso hesitar menos em ser feliz, hesitar menos em deixar que sejam felizes. Eu preciso estar em paz com tudo que está a minha volta para encontrar a paz interior - a paz é só uma! A interior não coexiste sem a paz no cotidiano, nem vice-versa!
Neste ano, eu quero viver. E você, o que quer em 2014?
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Ai que lindo esse texto :') Por enquanto só sei que em 2014 quero ler mais do que você escreve hehe
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