sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Resenha: O Teorema Katherine, John Green

PS.: Ei, gente, desculpa a demora! Terminei o livro faz um tempo, mas as aulas começaram e eu me embaralhei. :p
Título: O Teorema Katherine
Título original: An Abundance of Katherines

Autor: John Green
Páginas: 304
Editora: Intrínseca

♥♥♥♥
Após seu mais recente e traumático pé na bunda - o décimo nono de sua ainda jovem vida, todos perpetrados por namoradas de nome Katherine - Colin Singleton resolve cair na estrada. Dirigindo o Rabecão de Satã, com seu caderninho de anotações no bolso e o melhor amigo no carona, o ex-criança prodígio, viciado em anagramas e PhD em levar o fora, descobre sua verdadeira missão: elaborar e comprovar o Teorema Fundamental da Previsibilidade das Katherines, que tornará possível antever, através da linguagem universal da matemática, o desfecho de qualquer relacionamento antes mesmo que as duas pessoas se conheçam.

Um livro incrivelmente delicioso, uma escrita ótima e aditivos perfeitos - as notas de rodapé, que são mais de 80 ao todo - fazem parecer como se John Green estivesse conversando diretamente com você durante todo o livro, te contando a história de Colin - um sitzpinkler nato -, seus dezenove relacionamentos Katherinísticos, Hassan - o amigo muçulmano que reza alto demais - e uma aventura que inicialmente não tem destino algum - algo que Colin não aprova nada, devo acrescentar.

Especialista em anagramas - o que, muitas vezes, gera trechos hilários - Colin Singleton é um prodígionão um gênio - segundo suas próprias palavras. Mas isso o incomoda. E, honestamente, me incomoda também. O garoto, até certo ponto, é chato demais, sem graça - apenas salvo por Hassan, que o põe pouco fora dos trilhos, e nada intencional/indiretamente o projeta para seu momento eureca¹, e Lindsey Lee Wells, que vai fazer a diferença na maneira de Colin de enxergar as coisas - mesmo no escuro.

Após ser convencido por seu amigo a sair com ele numa fugging² jornada sem rumo, Colin segue desanimado - afinal, aquela "aventura" não iria ajudar em nada a aumentar seu banco de dados ou seu intelecto ou torná-lo um gênio, aparentemente - até que dá de cara com uma placa na qual se lia: "Local do descanso eterno do arquiduque Francisco Ferdinando" e resolve parar. Se o arquiduque morreu em Sarajevo, Bósnia Herzegovina, e era austro-húngaro, o que fazia enterrado no meio do nada, em algum lugar do Tennessee, Estados Unidos? Ele não sabia, mas queria ver aquilo de perto. Isso é a base de todo o desenvolvimento do livro e, acredite, no meio do lugar mais rural onde já estivera, Colin vai aprender muitas coisas - como, por exemplo, que tampões (absorventes internos) têm cordinhas.³
- O problema das suas histórias é que elas não têm moral, cê não sabe imitar a voz de uma garota direito e cê não fala das outras pessoas o suficiente. A história ainda gira em torno de ocê. Mas, mesmo assim, já consigo imaginar um pouquinho essa Katherine. Ela é inteligente. E é só um pouquinho ruim procê. Acho que cê gosta disso.
Narrado em 3ª pessoa, com diferentes storylines - uma no "presente" e outras no passado -, O Teorema Katherine, em alguns pontos, pode ser confuso, mas com um pouco de paciência, você chega lá. Como eu já cansei de dizer, os finais de Green não são surpreendentes, e, sim, compassivos. Há uma compreensão geral do autor com o público e também uma relação bem próxima, o que, de alguma forma, torna a história especial.

Apesar de muita gente achar o livro chato, eu confesso, as notas de rodapé me conquistaram até o último fio de cabelo. Não pelo protagonista, tampouco pelo Teorema - mas sim a maneira como a história é conduzida. O apêndice no final, com aproximadamente 10 páginas, é, nas palavras de Green, estritamente opcional. Mas, como eu leio desde a folha de rosto até os agradecimentos de qualquer livro - especialmente os dele -, é claro que li o apêndice, mesmo acreditando que não entenderia bulhufas do que seria explicado. Surpreendentemente, eu entendi. Até porque falava de funções algébricas, que eu estudei no semestre passado - enfim. Se você gosta de matemática (o que não é muito meu caso) ou gosta de extras em livros, leia sem hesitar.

Não espere por surpresas demais, mas eu garanto, pelo menos, umas duas ou três; O final - tipo, as ultimas 30 páginas antes do apêndice - não é previsível, tampouco chocante, mas tanto as surpresas quanto o final - eu espero - vão fazer você sorrir até as orelhas. 
____________________

¹ "
Heureka!", expressão gritada por Arquimedes (matemático, físico, engenheiro, astrônomo e inventor grego), quando descobriu que a massa de um corpo irregular é igual à quantidade de água deslocada quando este é submerso em água. Ele teria saído pelas ruas, nu, gritando a palavra que, em grego, significa "Achei!".
² Nem adianta perguntar. Leia!
³ É sério.
 Do [mais ainda] popular: nadica de nada.

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Let it play: Rainy days


Nada como um bom dia chuvoso e fresquinho, pra ficar enrolado num edredom, cheio de travesseiros à sua volta, com um livro na mão e músicas bem tranquilas de fundo. Concordam? Fiz essa playlist ontem (12), pensando em dias como esse - aqui na minha cidade está chovendo desde então e não parece que vai parar tão cedo. Escolhi 11 músicas que acredito ter tudo a ver com dias assim, desde hits muito conhecidos até outras já nem tanto, incluindo uma versão fanmade que adoro.


Ouviu? Gostou? Se sim, clique no botão "❤" no player para dar like na playlist, ou, em "curtir" no botão do Facebook. Obrigada e até a próxima playlist :)

terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Resenha: Quem é você, Alasca? - John Green

Título: Quem é você, Alasca?
Título original: Looking for Alaska
Autor(a): John Green
Páginas: 229
Editora: WMF Martins Fontes
♥♥♥♥

Miles Halter é um adolescente fissurado por célebres últimas palavras que, cansado de sua vidinha pacata e sem graça em casa, vai estudar num colégio interno à procura daquilo que o poeta François Rabelais, quando estava à beira da morte, chamou de o "Grande Talvez". Muita coisa o aguarda em Culver Creek, inclusive Alasca Young, uma garota inteligente, espirituosa, problemática e extremamente sensual, que o levará para o seu labirinto e o catapultará em direção ao "Grande Talvez".

Não sabia o que esperar quando comecei a ler esse livro. Ele estava na minha lista, eu ganhei de presente, deixei para lê-lo no mês seguinte. E, eu preciso dizer, o quanto antes você ler este livro, melhor. Primeiramente, porque Miles Halter, o "Gordo", é um adolescente com conflitos bastante parecidos com o que eu considero "cotidiano". Mas não espere um cara problemático, estressado, louco ou qualquer coisa do tipo. "Fissurado" é uma palavra bastante errônea para definir sua paixão pelas últimas palavras; não é doentio, não é insano, é saudável e leve, como um hobby qualquer. Deixe os problemas, estresses, loucuras e inconstâncias para Alasca Young - um verdadeiro gênio dos trotes -, a personagem que vai regrar todo o enredo.
"Segundamente", porque isto aqui não é um romance. Bem, pelo menos, não em uma via de mão dupla. Desde o começo, Gordo se apaixona por Alasca, mas ele está muito longe de conseguir o que quer que seja com ela.
"Você é inteligente como o Coronel", ela disse. "Só que mais calado. E mais bonitinho, mas não me ouviu dizer isso, porque gosto do meu namorado."
Gordo é apresentado à Alasca por Chip Martin - o Coronel -, um cara que mede 1,52m e que é meio atarracado. Gordo, por sua vez, mede 1,80m e é mais magro do que parece possível. Outro personagem que, apesar de quase não aparecer no começo e não ser de muita importância no decorrer do livro, mas que faz toda a diferença no final, é Takumi Hinohito, um japonês que se sente meio deixado de lado por Coronel, Alasca e, por tabela, Gordo - o que, em grande parte, é verdade.

Este é um YA meio diferente, é verdade. Alasca é descrita quase como uma ninfomaníaca (embora, sequer uma vez, essa palavra tenha sido mencionada), e palavrões são tão frequentes que algumas páginas e você já se habituou com eles. E, claro, um situação bastante... tensa entre Gordo e uma garota, logo após Alasca e ele terem assistido a um filme pornô - sim! - mas quem foi a garota, você vai ter que ler pra descobrir.

Eu resumiria Quem é você, Alasca? em duas palavras: "arrastado" e "ótimo". Ok, pode parecer estranho uma coisa tão pejorativa e um elogio falarem sobre o mesmo enredo, mas eu vou explicar meu prós e contras:

  1. A escrita de John Green não te prende. É uma leitura calma e, apesar de adorar ser uma devoradora, ter mais calma e "degustar" o livro, às vezes, pode ser muito bom. 
  2. Arrastado, sim. Porque, de fato, os acontecimentos que fazem a diferença estão depois da metade do livro, e, dado que não há uma aura de urgência que te impulsione a chegar lá rapidamente, você não dá a mínima até que, realmente, se surpreende.
  3. Este livro não é um suspense, mas você se vê muito atordoado por determinado acontecimento, pouco depois da metade, que te prende mais à leitura.
  4. Alasca não me conquistou nem um pouco até que seus motivos fossem desvendados - o que não ocorreu antes de faltarem 20 ou 15 páginas para o fim do livro -, e me deixou um pouco irritada.
  5. Alasca me conquistou muito depois que seus motivos foram desvendados.
  6. Miles é muito divertido e não é cheio de frescuras, não, o que ajuda bastante. A notável ingenuidade e inexperiência dele é uma surpresa divertida que vem logo no começo do livro.
Foram mais prós do que contras... acho que isso é algo, não?
Se pararmos de desejar que as coisas perdurem, não iremos sofrer quando elas desmoronarem.
A mensagem deixada no final do livro me conquistou por completo. Acho que Gordo conseguiu o que queria: chegar ao Grande Talvez de François Rabelais; e acho que, depois desse livro, eu me sinto mais próxima do meu, também.

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Cronizando: Herança e liberdade


Há algum tempo, escrevi um texto chamado "Erros" que dizia o seguinte:
É triste como nós acabamos por pagar pelos erros dos outros – pessoas que nós sequer chegamos a conhecer -, ao longo dos anos. A vida foi se transformando de tal maneira que o acúmulo de questões não resolvidas, uma após a outra, criou um campo magnético de histórias que vão, colidem e retornam, para se repetir e repetir e repetir até que haja um fim.
E hoje me encontro degustando o amargo da verdade sob minhas próprias palavras. Me vejo criança novamente - aquela garotinha de lisos cabelos escuros que lhe caíam ao meio das costas -, imitando exatamente o que seus pais faziam, da melhor maneira possível para uma criança de 3, 4 anos. Se eu soubesse...

Ninguém tem como, eventualmente, prever como as coisas se desdobrarão no futuro - o que fazemos é uma estimativa - que nada de aproximada tem - tomando como base o que já vivemos e o que estamos vivendo, no presente. Mas a vida não segue um padrão. A vida tem curvas fechadas e a vida tem declives íngremes demais para que a descida seja suficientemente segura. Quando dizem que esta é uma via de mão dupla, é exatamente isso que se quer dizer: o que pra uns é um declive, pra outros, é um aclive - dependendo do sentido de onde se está vindo. Eu estive no aclive, uma subida longa e meio cansativa mas que, no fim das contas, sempre pareceu valer à pena - algo que eu esperava durar por muito, e muito, muito tempo. E agora, do outro lado, no meio de uma descida longa e veloz demais para que eu possa formar pensamentos claros, contra o vento, sinto a força de todas as coisas que eu dei por garantidas batendo contra meu rosto - abrindo feridas que, quando e se vierem a fechar, deixarão marcas que eu não sei quanto tempo vão demorar para sumir.

Dói notar que tudo o que sou por predefinição é parte de uma marca já deixada em outras pessoas. E dói ver que, tudo o que eu quiser ser, sempre, vai depender da herança emocional que me foi deixada. As pessoas mal sabem... seus descendentes carregam consigo tantas coisas inatas, que provêm justamente de seus progenitores, que, pra eles, não há opção de escolha. Nunca, até que decidam se libertar disso.

Me entristece tanto perceber os costumes que tanto me incomodam em minha própria personalidade, e o quanto me esforço - até então, sem sucesso - para modificá-los, e saber que os mesmos só existem, hoje, pela maneira que fui feita acreditar ser o certo quando meus longos cabelos castanho-escuros ainda eram lisos demais. Talvez servisse de conforto saber que grande parte da minha frieza não é nada que eu defenda ou pela qual tenha optado, se não me magoasse tanto o fato da mesma ser algo com que convivo todos os dias. "Sou poeta e não aprendi a amar"? Não. Eu sou "poeta"¹, sim. E, se tem algo que eu aprendi muito bem, foi a amar. O que, de jeito nenhum, quer dizer que eu tenha aprendido a demonstrar isso; eu amo, e amo com fervor, com tudo o que há e que já houve em mim - uma tentativa desesperada e inerte de sair de um poço onde fui atirada antes que me ensinassem a nadar. A vida.

Por conta disso, sou constantemente levada a repensar e analisar e fazer tudo o que posso, sempre, para ter certeza de que amo do jeito certo. Afinal, se me deixaram herança, esqueceram de deixar definição... Seria isso algum tipo de liberdade? Porque, para mim, parece mais uma prisão.

Isso me leva a reconsiderar se algumas de minhas atitudes foram tomadas porque eu queria proceder de tal forma ou se porque achei que era a melhor solução, puramente baseada no que algumas outras pessoas fariam. Mas eu não tenho como saber a resposta para essa dúvida.

O que eu tenho como saber, no entanto, é que o impulso de escrever, em busca de alguma solução, não é uma herança emocional, mas sim, genética.
E que eu estou, finalmente, me libertando.

¹A expressão correta seria "poetisa", no feminino.

sábado, 1 de fevereiro de 2014

Book haul: janeiro


Acho que posso afirmar que comecei o ano com pé direito - pelo menos no que se refere à leitura. 9 livros lidos em um mês (sendo 2 deles, releituras) é um recorde para mim - recorde esse que vou fazer questão de bater todos os meses, se possível.

6 foram os livros adquiridos/ganhados, mas deles, só li 4. Isso porque eu estive ocupada lendo a Trilogia Wake, da Lisa Mcmann, que emprestei de uma amiga - e ainda, nos primeiros 3 dias do ano, reli Elixir - o qual vocês já viram a resenha por aqui - e Devoted, para, então, ler True, o último da trilogia. Enfim, esse não é um post sobre trilogias, e sim sobre os livros que adicionei à estante. Vamos lá:

  1. True - A verdade, Hilary Duff (Editora iD, 264 páginas): A tão esperada conclusão da trilogia de estreia de Hilary se mostra surpreendentemente reveladora, ainda que vaga. Devorável, porém o livro é pequeno e pontas foram deixadas soltas. Uma boa, mas não excepcional conclusão para a história milenar de Clea e Sage.
  2. Bela Maldade, Rebecca James (Intrínseca, 302 páginas): Um thriller psicológico que deixa seu coração pequenino de tão apertado. Um livro jovem, sexy, como já expliquei na resenha, e muito bom, de verdade. Narrado em 3 tempos diferentes, mas de forma clara e objetiva, se mostra revelador e muito, muito bem justificado.
  3. Quem é você, Alasca? - John Green (WMF Martins Fontes, 229 páginas): Um dos dois livros que ainda não li, é o primeiro romance de Green e também sua primeira publicação no Brasil - tanto que, ao contrário de seus demais livros aqui publicados, não tem um "autor de 'A Culpa é das Estrelas'" nele. Estou curiosa para lê-lo, porque parece um livro interessante sobre a influência de uma pessoa sobre outra - o que foi visto em Bela Maldade, e que me agradou muito.
  4. Cidades de Papel, John Green (Intrínseca, 368 páginas) - E esse, o outro livro que ainda não li, me parece um suspense bastante curioso. Estou conhecendo a escrita de Green aos poucos, e esta sendo um tanto peculiar - na minha opinião-, acredito que foi uma ótima adição à minha crescente estante.
  5. Métrica, Colleen Hoover (Galera Record, 302 páginas) - Esse livro é, no mínimo, incomum. Talvez um dos mais devoráveis que já li, e também bem diferente. Ele me fez refletir um tanto. O slam é um "tempero" super agradável - te faz interpretar os poemas sem se dar por conta, reagindo como os personagens reagiram - fantástico.
  6. Pausa, Colleen Hoover (Galera Record, 304 páginas) - A sequência de Métrica me surpreendeu por ser narrada por Will, e não Layken Lake; eu realmente não sabia até o momento em que comecei a ler. Consegue ser infinitas vezes melhor que seu antecessor - ou pode ser que eu goste mais do jeito de Will de ver as coisas, não sei - mas que eu gostei mais deste, gostei. Há um crescimento muito grande dos personagens, dos acontecimentos e da maneira como lidam com a vida.
Minha estante ficou mais pesadinha esse mês, hein? Ela que chore, porque eu estou é contente com isso e não vou permitir que emagreça (risos). Todos os livros lidos foram devidamente devorados em menos de 24h. (Todos, sem exceção.) Vale acrescentar que Wake - Fade - Gone foram lidos da seguinte forma: comecei Wake na tarde do dia 14, parei, retomei a leitura tarde da noite, parei um pouco antes da metade - terminei-o na manhã seguinte em menos de 3 horas, comecei Fade no fim da tarde do dia 15, parei por algumas horas, retomei na madrugada, dormi - terminei Fade na tarde do dia 16 e já agarrei Gone e (sim) terminei-o às 3h30 da madrugada do dia 17. Sim! Essa foi minha "aventura literária" do mês. A primeira de várias, verdade.

E você, quais livros comprou/ganhou/leu/deu de presente esse mês? Conta pra mim :)

Ah! Esse aqui é meu skoob.