segunda-feira, 6 de julho de 2015

Tag: Inverno Literário


Olha só quem resolveu aparecer... O abandono tá forte, eu sei. Mas cá estou eu pra responder uma tag literária, depois de tantos meses. A tag se chama Inverno Literário - quem criou (e me marcou, também) foi a fofa da Iza, do Brincando de Escritora - e ela é composta de 8 perguntas, ainda que eu tenha escolhido 9 livros... mas já, já eu explico. Então, sem mais delongas... (spoiler: muitas capas azuis à frente).

         1. INVERNO: um livro que te lembre o inverno.
Escolhi A Esperança, da Trilogia Jogos Vorazes, de Suzanne Collins. Pra começo de conversa, o livro se passa quase todo no inverno, mesmo. Segundo, acho que todas as vezes que li esse livro, tava frio, e a atmosfera de tristeza na vida da Katniss não me lembra nada senão um inverno emocional, então...

         2. 
ABAIXO DE ZERO: um livro que se passa no inverno.

Gente, e tinha outra escolha? ♥ Let It Snow, do John Green, da Maureen Johnson e da Lauren Myracle é um amorzinho, e não só por conta do cenário natalino norte-americano. As histórias se cruzando... esse livro é uma delícia. E, de tão doce, quase foi parar no item 7...

         3. CÉU AZUL-ZUL: um livro com a capa azul.

Cara. Eu tenho tantos, tantos livros com a capa azul (tipo uns 2/5 de todos os meus livros, sem brincadeira) que juro que fiquei horas sem saber o que pegar; acabei escolhendo Amigas Para Sempre, da Kristin Hannah. Esse livro tem uma leitura lenta, mas a realidade é que muitos anos se passam e tantas coisas acontecem que não existe outro ritmo de leitura para ele senão esse, mesmo. As meninas da alameda dos Vaga-lumes me conquistaram e fizeram dar boas risadas/derramar um balde de lágrimas, mesmo que boa parte dele eu tenha lido no verão. E na praia...

         4. ABRAÇOS QUENTINHOS: um livro com a capa branca ou cinza, como o Olaf.

Ok, foi por pouco. Só tem uma cor mais sumida da minha estante que branco/cinza (exceto se você contar as lombadas), e é o rosa. Mas, óbvio, tem A Escolha, da Kiera Cass, o final enlouquecedor da Trilogia A Seleção. Que é branco e cinza. Esse livro é amor para todos os lados.

         5. CHOCOLATE QUENTE: um livro que te conforta e você nunca cansa dele.

Eu fiquei um pouco em dúvida quanto ao critério pra esse, então fiquei em cima do muro entre um livro que me fez gostar de ler depois de "crescida" (eu tinha 13 anos, mas, relevem. Na minha concepção eu era bastante crescida) e que eu li muitas vezes, e outro que li por inteiro uma única vez, mas vira e mexe volto e releio um trecho aqui, outro lá... O primeiro é Elixir, da Hilary Duff - o início de uma trilogia sobrenatural (e não-distópica). Eu devo ter lido essa belezinha umas boas 10 vezes desde que comprei (no final de 2011, e faz tempo desde a última vez que li), então, basicamente, ele não me cansa. O segundo é Twenties Girl, da Sophie Kinsella, que, apesar de ser um chick lit, tratar de uma vida adulta e dilemas que eu não tenho, me fez identificar com a personagem principal em vários níveis (e rir, rir muito).

         6. FILMES E PIPOCA COM XS AMIGXS: um livro que você queria muito que virasse filme.

Tinha que ser distopia, né gente? Com esse tsunami de trilogias YAs distópicas sendo adaptadas, não pude evitar escolher Estilhaça-me, da Tahereh Mafi. A verdade é que faz quatro anos que a 20th Century Fox comprou os direitos pra adaptação, e até agora nada...

         7. BRIGADEIRO DE COLHER: um livro muito doce que você ama.

Não podia faltar literatura brasileira, né? Azul da Cor do Mar, da Marina Carvalho, é um livro fofo e levinho e, apesar de só um pouquinho previsível, é gostoso e devorável. Além disso, palmas pra diagramação, um espetáculo de fofura à parte. E, é claro, brigadeiro é um doce nosso.

         8. DEBAIXO DAS COBERTAS: um livro calmo.

A Probabilidade Estatística do Amor à Primeira Vista
é um livro tão tranquilo quanto o título é longo, e, mesmo assim, não é maçante ou chato. É um livro suave, doce, e perfeito caso você esteja num período de ressaca literária (emocional) e precise dar um descanso pro seu coração de leitor.
E é isso! Obrigada, mais uma vez, à Iza, e sintam-se todos marcados e convidados a participar. =)

Meu Skoob.

quinta-feira, 11 de junho de 2015

Um espectro infinito, e humano

Durante os tempos ruins, eu compartilhei muitas coisas; histórias, medos, esperanças. E sempre imaginei que, quando os bons chegassem, a vontade de falar sobre meus sentimentos afloraria ainda mais - me libertando de vez das únicas cordas que me prendiam às minhas reservas particulares.

Ah!, Vai ser tão lindo um dia!

Nem tanto.

Acontece que não funciona desse jeito. Seja por medo da cobiça alheia, seja a autodefesa do ser humano ou tão somente a completude do sentimento, não é nada disso que acontece. Quer dizer, é lindo, é lindo sim, e muito. E, eventualmente, é muito bom sentar e falar sobre momentos felizes; mas compartilhar "detalhes da vida privada" perde boa parte do sentido quando você não está precisando ser consolado.

É um processo natural - por assimilação, mas ainda assim, natural - do ser humano buscar companhia - e nela, a identificação de aspectos em comum. E se poucas pessoas fogem à regra, é porque é realmente satisfatório - quase que indispensável -, para nós, nos comunicarmos com quem entende bem o que estamos querendo dizer. Mas, no que isso tem a ver com compartilharmos mais os sentimentos quando estamos tristes?

Tem que a tristeza é gananciosa, soberba, egoísta e convencida. É o sentimento que chega, se instala e te engole aos poucos, mas não menos dolorosamente. Não importa o quanto já tenha tomado, ela quer mais e mais de você, nunca se dando por contente; e, só pra prevenir, caso você consiga se livrar dela... as marcas são, na maioria das vezes, permanentes.

Já a felicidade é viva, contagiante, estimulante... mas ela também é reservada e sensível. Ela chega, e aos poucos, se acomoda no sofá. Ela é humilde, toma seu tempo sem querer atrapalhar; mas toma. Toma por ser um sentimento tão simples quanto complexo. Tão forte quanto é frágil. E, se você não recebê-la, ela vai embora tão de repente como chegou - sem avisar para onde foi.

E é justamente por tendermos a querer conservar o que é bom e, de toda a forma, espantar o que é ruim, que acabamos por compartilhar mais melancolia do que alegria; esperamos que falar sobre os sentimentos ruins os assuste e os faça fugir para longe, e não fazemos questão de falar sobre os bons por medo de que isso se aplique justamente a estes que, se você pudesse, não deixaria escapar de jeito algum.

Mas a felicidade e a tristeza são sentimentos contrários, não contraditórios. Se você sabe um pouco de filosofia lógica, sabe do que estou falando. De qualquer forma, uma olhada no dicionário e se vê a diferença: coisas contraditórias se opõem fortemente, são dois extremos - e, se uma existe, a outra não; já as coisas contrárias se opõem, também, mas apenas razoavelmente - a existência de uma não impossibilita a da outra, e vice-versa - e não são raros os momentos em que ambos sentimentos coexistem.

Não, nem tudo é necessariamente preto no branco.

E, no final das contas, o que acontece na maior parte do tempo é: não somos pura tristeza, nem pura felicidade. Somos isso e somos angústia, ansiedade, gratidão e desalento.
Somos esperança, medo, coragem e nostalgia.
Raiva, amor e desilusão.
Somos tudo.
Somos uma escala, um espectro, infinito.
Uma escala colorida, não de cinza. Não apenas de cinza.
Um equilíbrio - ou não - de tudo o que há para ser.
E não há nada de errado com a bagunça emocional - sinta-se você confortável com compartilhar a sua ou não, não há por que renegá-la.

quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

Sobre a indomesticabilidade do narcisismo

Parece que o ser humano, o homo sapiens sapiens, ao nascer, é fadado a uma necessidade patológica e imutável à correspondência. Há poucas coisas mais frustrantes que um sentimento não-correspondido - e, vejam, não estou falando apenas de amor platônico. Digo de modo geral, desde uma gentileza não retribuída ou uma simples apatia à qual não se obtém nenhuma resposta satisfatória.

E, tão terrível quanto isto pode soar, por mais que boas almas altruístas dediquem suas existências ao próximo, somos narcisistas indômitos. Não me surpreende em nada que não haja uma palavra específica, um antônimo perfeito, para "narcisismo". As tentativas formam uma longa lista: discrição, modéstia, simplicidade, singeleza, humildade, despresunção, entre outros vários vocábulos que apresentam diferentes níveis de precisão. Entretanto, nenhum "ismo". Nenhuma síndrome. Alguém há de tentar me dizer, "Porque o narcisismo é anormal! É doente! É insano!"
E não somos nós todos?
E por acaso é, para nós, comum deleitar-se na própria derrota, com o simples prazer de sentir-se feliz por um estranho qualquer?
Você sabe a resposta.
Todos nós sabemos.

E, concluo, talvez não haja um "inverso" de narcisismo porque desejamos que apenas o obscuro, apenas aquilo que é ruim, se faça incomum; apenas o considerado ideal deve se fazer presente. É óbvio que não desejamos viver em meio ao mal.
Mas a bênção da inocência é temporária, e, logo depois, tende a tornar-se a maldição da ignorância.