quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Álbum do mês: Electra Heart


No começo de janeiro (dia 10), quando fiz o post de artista do mês, eu já estava praticamente certa de qual seria minha escolha. Electra Heart é um álbum variado, bem produzido e, principalmente, bem escrito. E, apesar de, aos poucos, The Family Jewels estar caindo em minhas graças, não ficou tocando sem parar no meu WMP nem no meu celular.

Como eu já mencionara no outro post, Marina trabalhou em cima de arquétipos¹ neste album, assumindo diversos pontos de vista. Mesclando verdade, ironia e mentira - onde ela não expressa as suas ideias, mas sim as de Electra -, Marina compôs um álbum homogêneo sem nada se parecer com nada. Vou começar falando um pouco sobre cada uma das músicas:

OBS: A tracklist varia de versão para versão, então vou falar de todas as músicas que foram lançadas sob o projeto.
  1. Bubblegum Bitch: Como a própria letra diz, "welcome to the life of Electra Heart"! Talvez a faixa que menos siga o estilo do restante do álbum no que compete à melodia, por remeter mais ao estilo indie do álbum anterior, BB não deixa de ser divertida como as demais. "Life gave me some lemons/ So I made some lemonade."
  2. Primadonna: Sabe a ideia de "basic teen girl"? Então, é quase isso. "I know I've got a big ego/ I really don't know why it's such a big deal, though." Radiofônica ao extremo, vai te fazer dançar sem o mínimo esforço. Nela também percebemos os diferentes tons que a voz de Marina assume.
  3. Lies: Umas das faixas mais introspectivas do cd, tem uma letra bastante incisiva (tanto quanto as outras), e mostra aquela fase do sofrimento que, ao mesmo tempo que se sente raiva, se sente vontade de fingir que não há nada de errado. "I don't wanna admit, but we're not gonna fit/ No, I'm not the type that you like/ Why don't we just pretend?"
  4. Homewrecker: Você provavelmente já leu a frase "I break a million hearts just for fun" por aí. E, se você não sabia, fique sabendo que ela faz parte da letra de Homewrecker - que alterna partes faladas e cantadas. Não tão radiofônica, mas ainda grudenta - no bom sentido -, é uma das faixas onde o arquétipo explorado é o da garota que não liga muito para relacionamentos, não. "We're all very lovely 'till we get to know each other/ As we stop becoming friends and we start becoming lovers."
  5. Starring Role: Uma das faixas mais lentas, e também uma de minhas favoritas, compara a posição que a pessoa assume em um relacionamento com os papeis de um filme(? ou qualquer outro meio em que se atua). "'Cause the only time you open up/ Is when we get undressed."
  6. The State of Dreaming: Essa música tem alguma coisa de especial. Ponto. Vai de uma melodia suave, quase nula, para uma batida deliciosa - não dançante, mas ainda boa - e, apesar de não ter uma letra que passe uma intenção clara, tem um sentimento bem fácil de reconhecer. "If I could sell my sorry soul/ I would have it all."
  7. Power & Control: Essa foi uma das faixas que mais demorou a me convencer no álbum; e preciso dizer que, apesar de não entrar nas playlists que faço correndo - para escrever aqui mesmo, pro blog -, nunca mais pulei quando ela vinha no aleatório. "Yeah you may be good looking,/ But you're not a piece of art." Dançante, segue quase a mesma linha que Homewrecker, na letra - apenas, talvez, um pouco menos incisiva.
  8. Sex Yeah: Feminismo. Não tem nenhuma outra palavra que defina essa música melhor. Até porque, muito dificilmente você conseguiria usar apenas uma palavra pra descrevê-la que não fosse essa. Uma das melhores do álbum - letra e melodia se encaixam perfeitamente - e a letra é tão ótima e condiz tanto com o que penso que mal consigo escolher um trecho só. Mas acho que meu trecho estrofe favorita é "If women were/ Religiously recognised sexually/ We wouldn’t have to feel the need/ To show our ass-ets to feel free." Na minha concepção sobre o álbum, esta parece ser uma das poucas faixas que expressa uma ideia real, de Marina, e não da personagem. Posso estar errada? Posso, e se eu estiver favor me corrigir.
  9. Teen Idle: essa é uma música no mínimo... diferente. E eu gosto disso. Uma batida bem mais lenta em relação às já citadas, dá a entender que o arquétipo explorado é de uma mulher adulta não muito feliz, que acha que devia ter vivido sua juventude de outra maneira. "I wanna drink until I ache/ I wanna make a big mistake/ I want blood, guts and angel cake/ I’m gonna puke it anyway."
  10. Valley of the Dolls: Essa música não me convence muito, exceto pelo refrão. É bem lenta, também. "Living with identities/ That do not belong to me."
  11. Hypocrates: Balada mais deliciosa da vida! Me conquistou desde a primeira vez que ouvi e desde os primeiros segundos. Fala do mesmo tipo de situação que Starring Role, basicamente. Mas tem uma batida que chama mais a atenção e te prende mais - te faz cantarolar. "Yeah you played the martyr for so long/ That you can't do anything wrong."
  12. How to be a Heartbreaker: Provavelmente a música mais viciante do álbum inteiro, dá vontade de ouvir sem parar. "'Cause I lo-lo-lo-love you/ At least I think I do!" Divertida, com um clipe que é o máximo (thumbs up pros meninos no vídeo, viu...) e impossível de não sair cantando por aí.
  13. Radioactive: O trecho"Lying on a fake beach/ You'll never get it tanned" abre o que é, possivelmente a música mais dançante do Electra Heart. A batida mais eletrônica faz ser difícil ficar parado, apenas ouvindo.
  14. Fear and Loathing: Outra das músicas que demorou a me conquistar, mas que, hoje, não sai das mais executadas no meu computador/celular. É uma música forte, que, ao se prestar atenção, cresce aos seus ouvidos - literalmente. Os refrões ficam mais "fortes" à medida que a música se encaminha para o final. Ótima para dias tranquilos e/ou chuvosos. "I'm done with tryin' to have it all/ And endin' up with not much at all."
  15. Living Dead: Ok, talvez esta esteja empatada com Radioactive no quesito "mais dançante". E o que dizer sobre a letra?... É basicamente sobre estar vivo apenas quando finge estar morto. Qualquer seja o significado disso pra você. "I haven't lived life, I haven't lived love/ Just birds eye view from the sky above."
  16. Lonely Hearts Club: Você provavelmente já viu esse título em algum lugar. "January to December,/ Do you wanna be a member?" Acredito eu, que das 17 faixas do álbum, esta seja uma das mais bem produzidas - já a letra, não diz muito mais do que o próprio título.
  17. Buy the Stars: "And you could buy up all of the stars/ But it wouldn’t change who you are/  You’re still living life in the dark/ It’s just who you are." Música que menos me convenceu de todas essas. Digo, a voz de Marina está linda e bastante "pura" - sem efeitos - e a simplicidade da melodia é convidativa, assim como a letra. Agora, ouvindo novamente, escrevendo esse post, a música me tocou mais do que todas as outras vezes que a tinha escutado. pode ter sido momentâneo, não sei. De qualquer forma, ouça.
Em 8 de agosto de 2013, Marina lançou na internet a música que deu título ao álbum, mas não foi selecionada para o mesmo. "Electra Heart" chegou para se despedir de si mesma, tão irônico quanto isso pode ser. 


Predominante da música pop e da eletrônica, Electra Heart marca a transição de Diamandis dos gêneros indie pop e new wave para gêneros mais comerciais, voltados para a música mainstream. O álbum foi recebido com críticas mistas por parte da maioria dos críticos musicais, que destacaram a inteligência das letras das músicas, mas consideraram o conceito do álbum confuso e as faixas produzidas pelos grandes produtores, como Dr. Luke, muito iguais as de outros artistas do gênero.  Electra Heart conseguiu debutar na 1ª posição da UK Albums Chart, e em sua semana de lançamento, vendeu 21,358 cópias no Reino Unido, se tornando o primeiro álbum de Diamandis a atingir o 1º lugar no país. O álbum também conseguiu atingir a liderança nos charts da Irlanda e da Escócia.
"Electra Heart é a antítese de tudo o que eu defendo. E o motivo de apresentá-la e de construir um conceito em torno dela é que ela está do lado corrupto da ideologia americana, e basicamente, essa é a corrupção de você mesmo. Meu maior medo — que é o maior medo de qualquer um — é de me perder e me tornar uma pessoa vazia. E isso acontece muito quando você é extremamente ambicioso." 
— Marina falando sobre a personagem que dá título ao álbum. 
Fonte: Wikipedia 

A maioria dos artistas opta por criar álbuns trabalhando no que acreditam. Marina preferiu fazer justamente o contrário.

Álbum: Electra Heart
Artista: Marina and the Diamonds
Lançamento: 27 de abril de 2012
Gênero(s): Electro pop
Formato(s): CD, download digital
Gravadora(s): 679 Artists, Warner Music, Atlantic, Elektra Records
Singles: Primadonna, Power & Control, How to be a Heartbreaker

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Sei que é chato isso, mas já que você não é um robô e - creio eu - tem sua opinião, não custa digitar umas palavrinhas, né? Agradecida :)