terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Resenha: Quem é você, Alasca? - John Green

Título: Quem é você, Alasca?
Título original: Looking for Alaska
Autor(a): John Green
Páginas: 229
Editora: WMF Martins Fontes
♥♥♥♥

Miles Halter é um adolescente fissurado por célebres últimas palavras que, cansado de sua vidinha pacata e sem graça em casa, vai estudar num colégio interno à procura daquilo que o poeta François Rabelais, quando estava à beira da morte, chamou de o "Grande Talvez". Muita coisa o aguarda em Culver Creek, inclusive Alasca Young, uma garota inteligente, espirituosa, problemática e extremamente sensual, que o levará para o seu labirinto e o catapultará em direção ao "Grande Talvez".

Não sabia o que esperar quando comecei a ler esse livro. Ele estava na minha lista, eu ganhei de presente, deixei para lê-lo no mês seguinte. E, eu preciso dizer, o quanto antes você ler este livro, melhor. Primeiramente, porque Miles Halter, o "Gordo", é um adolescente com conflitos bastante parecidos com o que eu considero "cotidiano". Mas não espere um cara problemático, estressado, louco ou qualquer coisa do tipo. "Fissurado" é uma palavra bastante errônea para definir sua paixão pelas últimas palavras; não é doentio, não é insano, é saudável e leve, como um hobby qualquer. Deixe os problemas, estresses, loucuras e inconstâncias para Alasca Young - um verdadeiro gênio dos trotes -, a personagem que vai regrar todo o enredo.
"Segundamente", porque isto aqui não é um romance. Bem, pelo menos, não em uma via de mão dupla. Desde o começo, Gordo se apaixona por Alasca, mas ele está muito longe de conseguir o que quer que seja com ela.
"Você é inteligente como o Coronel", ela disse. "Só que mais calado. E mais bonitinho, mas não me ouviu dizer isso, porque gosto do meu namorado."
Gordo é apresentado à Alasca por Chip Martin - o Coronel -, um cara que mede 1,52m e que é meio atarracado. Gordo, por sua vez, mede 1,80m e é mais magro do que parece possível. Outro personagem que, apesar de quase não aparecer no começo e não ser de muita importância no decorrer do livro, mas que faz toda a diferença no final, é Takumi Hinohito, um japonês que se sente meio deixado de lado por Coronel, Alasca e, por tabela, Gordo - o que, em grande parte, é verdade.

Este é um YA meio diferente, é verdade. Alasca é descrita quase como uma ninfomaníaca (embora, sequer uma vez, essa palavra tenha sido mencionada), e palavrões são tão frequentes que algumas páginas e você já se habituou com eles. E, claro, um situação bastante... tensa entre Gordo e uma garota, logo após Alasca e ele terem assistido a um filme pornô - sim! - mas quem foi a garota, você vai ter que ler pra descobrir.

Eu resumiria Quem é você, Alasca? em duas palavras: "arrastado" e "ótimo". Ok, pode parecer estranho uma coisa tão pejorativa e um elogio falarem sobre o mesmo enredo, mas eu vou explicar meu prós e contras:

  1. A escrita de John Green não te prende. É uma leitura calma e, apesar de adorar ser uma devoradora, ter mais calma e "degustar" o livro, às vezes, pode ser muito bom. 
  2. Arrastado, sim. Porque, de fato, os acontecimentos que fazem a diferença estão depois da metade do livro, e, dado que não há uma aura de urgência que te impulsione a chegar lá rapidamente, você não dá a mínima até que, realmente, se surpreende.
  3. Este livro não é um suspense, mas você se vê muito atordoado por determinado acontecimento, pouco depois da metade, que te prende mais à leitura.
  4. Alasca não me conquistou nem um pouco até que seus motivos fossem desvendados - o que não ocorreu antes de faltarem 20 ou 15 páginas para o fim do livro -, e me deixou um pouco irritada.
  5. Alasca me conquistou muito depois que seus motivos foram desvendados.
  6. Miles é muito divertido e não é cheio de frescuras, não, o que ajuda bastante. A notável ingenuidade e inexperiência dele é uma surpresa divertida que vem logo no começo do livro.
Foram mais prós do que contras... acho que isso é algo, não?
Se pararmos de desejar que as coisas perdurem, não iremos sofrer quando elas desmoronarem.
A mensagem deixada no final do livro me conquistou por completo. Acho que Gordo conseguiu o que queria: chegar ao Grande Talvez de François Rabelais; e acho que, depois desse livro, eu me sinto mais próxima do meu, também.

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Sei que é chato isso, mas já que você não é um robô e - creio eu - tem sua opinião, não custa digitar umas palavrinhas, né? Agradecida :)